O golpe no Brasil traduzido na arte de Flávio Tavares

O golpe de 2016, que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e fez o país mergulhar em uma crise sem precedentes, nos campos administrativo, social e político, ganhou contornos de óleo sobre tela. É uma obra do artista paraibano Flavio Tavares, um dos mais renomados pintores do país. Ele inicia hoje, às 19 horas, no SESC de João Pessoa, a sua mais nova produção intitulada: “Brasil, o golpe. A ópera do fim-do-mundo”.

Seus traços clássicos, com inspiração na Divina Comédia, revelam não apenas Dilma e Marielle Franco, uma personagem que brota nas telas e é produto de um golpe que gerou a onda de violência e desmandos, como alguns dos protagonistas: ministros da suprema corte e o juiz que tudo fez e faz para inviabilizar o PT e a esperança do povo brasileiro de seguir crescendo e acreditando.

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– Traduzo esta nova fase de minha produção como a síntese de uma obra a reunir valores e símbolos em torno da recente história contemporânea do Brasil, que nos remete às tragédias do mundo captadas e expostas pelas artes e os gênios da observação humana – disse Flávio Tavares.

A nova obra do artista, autor da “Pedra do Reino”, principal painel e ilustração de “O Auto da Compadecida”, do paraibano Ariano Suassuna, reúne um Grande Painel e quadros adicionais mostrando detalhes da “Ópera do Fim-do-Mundo”.

Há ainda cena de Dilma sendo interrogada na Ditadura e numa parte de cima Lula aparecendo como guardador dos humildes, mesmo que abaixo da grande mesa sejam identificados os Miseráveis de sempre.

A Obra traduz, por fim, o templo maldito frente a uma ama de leite negra cuidando de um menino branco, como se repusesse os tempos de “Casa Grande & Senzala”, do pernambucano Gilberto Freyre.

A nova fase de Flávio mostra sua densidade de artista e pensador culto. No painel, mesmo não tendo a natureza trágica, bem lembra a obra imortal “Guernica”, de Pablo Picasso, em 1937, quando denunciava a guerra espanhola e se expunha como manifesto contra a violência.

Vai mais além quando a obra atual parece intuir e se inspirar na “Divina Comédia”, poema de viés épico e teológico da literatura italiana e da mundial, escrito por Dante Alighieri no século XIV e dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraiso.

Sem dúvidas, é a obra pictórica mais importante produzida na atualidade nas artes plásticas brasileiras.

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