Brasil possui mais de 65 milhões de negócios em situação de inadimplência, segundo a Serasa.
Mais de 6,5 milhões de empresas brasileiras estão inadimplentes, segundo os dados mais recentes divulgados pela Serasa Experian. O volume de dívidas soma, aproximadamente, R$ 116 bilhões e, em média, cada estabelecimento possui sete compromissos em atraso. A situação afeta, sobretudo, os micro e pequenos negócios que representam a maioria entre os endividados. A situação alerta para a importância de falar sobre gestão financeira nas empresas.
De acordo com a Fundação Instituto de Administração (FIA), a gestão financeira pode ser compreendida como uma etapa obrigatória para as realizações que dependem de recursos financeiros para serem concretizadas. Sem esse tipo de gestão, pessoas físicas e jurídicas assumem o risco de endividamento.
A instituição explica que uma boa gestão financeira consiste no uso de dinheiro e recursos materiais considerando quatro pilares: planejamento, controle, análise e investimento. O primeiro é uma espécie de roteiro a ser seguido pela empresa para alcançar os objetivos e deve integrar a estratégia de negócios.
O segundo pilar está relacionado à rotina da empresa, pois a gestão financeira é feita no dia a dia, a partir do controle dos fluxos de capital e dos registros de entradas e saídas. Em outras palavras, significa colocar em prática o que foi planejado.
Ainda de acordo com a FIA, a terceira etapa consiste na análise das movimentações financeiras para a tomada de decisões mais assertivas, o que impacta diretamente o quarto pilar que é o de investimentos. A instituição explica que investir é fundamental para crescer, mas é um processo que deve ser realizado quando a casa está em ordem.
É possível investir, inclusive, para otimizar e dar maior precisão à gestão financeira. Isso é permitido através da aquisição de soluções que auxiliam o processo, como um sistema ERP, uma plataforma de gerenciamento de relacionamento com o cliente, um programa de gerenciamento de contratos, entre outros.
A FIA alerta que a gestão financeira em ordem assegura as condições necessárias não só para a empresa prosperar, mas também para sobreviver ao mercado diante de adversidades que possam surgir.
Diferentes estudos mostram que os investimentos na área garantem bons resultados. Pesquisa realizada pela Select Hub apontou que 88% das organizações consideram que a implementação do ERP foi decisiva para o seu sucesso. Levantamento realizado pelo Sebrae mostrou que as empresas com planejamento financeiro alcançam maior longevidade no mercado.
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Cenário desafiador para MPEs
Os dados sobre inadimplência da Serasa Experian revelam que a situação é mais delicada entre as empresas de menor porte. No recorte setorial, os serviços lideraram o levantamento, representando 54% do total de estabelecimentos inadimplentes. Em seguida, está o comércio que totalizou 37%.
As informações refletem a composição da economia nacional, em que há predominância das micro e pequenas empresas (MPEs), que correspondem a 99% dos estabelecimentos ativos no país, segundo o Sebrae. Os setores de serviços e comércio estão entre as principais atividades econômicas, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Ainda assim, a situação é considerada alarmante por revelar um cenário desafiador para a empregabilidade e o crescimento econômico. A inadimplência das empresas impacta diretamente a realidade dos brasileiros e também está associada ao endividamento das famílias.
Efeitos da inadimplência na economia
A inadimplência das empresas implica restrição às linhas de crédito, o que compromete o fluxo de caixa e o capital de giro para investimentos, podendo desencadear demissões e falência no médio ou longo prazo.
O desemprego é uma das principais causas do endividamento das famílias. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 67 milhões de pessoas sem uma ocupação no mercado formal de trabalho. Já a Serasa Experian identificou que mais de 70 milhões de brasileiros estão inadimplentes.
A inadimplência de pessoas físicas também restringe o acesso ao crédito e reduz o poder de compra das famílias, o que acarreta a diminuição do consumo. Dessa forma, o endividamento de consumidores e empresas se retroalimenta e impacta direta e negativamente o crescimento da economia.