George Santos se livra de cassação imediata na Câmara dos EUA

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O deputado republicano George Santos, filho de brasileiros, se livrou nesta quarta-feira (17) de uma votação para ter seu mandato cassado na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

Congressistas democratas haviam conseguido forçar uma votação em Plenário para expulsar Santos da Casa, mas parlamentares republicanos aprovaram outra votação para levar o caso ao Conselho de Ética da Casa e assim evitar a cassação imediata.

Alvo de fritura de todos os lados do Congresso após a imprensa americana revelar que Santos mentiu em uma série de aspectos da sua vida para ser eleito deputado, o republicano foi acusado na última quarta-feira (10) de ter cometido 13 crimes pela Justiça de Nova York.

No total, são sete acusações de fraude, três de lavagem de dinheiro, uma de desvio de verbas públicas e duas sobre declarações falsas perante a Câmara. Se condenado, pode pegar até 20 anos de prisão, na soma das penas máximas previstas. Ele pagou fiança de US$ 500 mil (R$ 2,5 milhões) e foi liberado no mesmo dia. Santos se diz inocente de todas as acusações e afirma ser vítima de perseguição política.

Um dia depois, ele fez um acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro em um processo de estelionato. Santos confessou o crime –uso de cheques sem fundos que haviam sido furtados de um idoso– e fez um acordo para extinguir o processo, concordando com o pagamento de R$ 10 mil a uma instituição de caridade e R$ 14 mil à vítima, o dono de uma loja de sapatos.

Foi com esse caldo que o deputado democrata Robert Garcia (Califórnia) capitaneou a votação pela expulsão de Santos, que foi ao Plenário da Câmara nesta quarta, com apoio dos também democratas Eric Sorensen (Illinois) e Becca Balint (Vermont).

“George Santos é uma fraude e um mentiroso”, disse Garcia em comunicado. Para Balint, “Democracias não morrem do dia para a noite; elas são erodidas lentamente à medida que degradamos nossos padrões éticos e nos distanciamos de nossos valores” e sinal da deterioração do governo é a defesa do Partido Republicano “desse mentiroso consagrado que foi indiciado por 13 acusações criminais”.

O processo no Rio foi citado por parlamentares democratas como um dos motivos para cassá-lo.

Acontece que expulsar Santos exigiria votos de dois terços da Câmara, ou 290 das 435 cadeiras da Casa. Os democratas são 213 dos assentos, ou seja, ao menos 77 republicanos precisariam votar contra Santos. Sem ter os votos necessários, os republicanos conseguiram levar o caso ao Conselho de Ética, dando assim sobrevida ao filho de brasileiros. A manobra foi capitaneada pelo republicano Anthony D’Esposito, que, como Santos, também representa Nova York. Já existe uma outra investigação aberta no Conselho de Ética contra o congressista desde março.

Santos foi eleito deputado em novembro do ano passado com um discurso focado em segurança pública e pautas morais. Após o pleito, porém, o jornal americano The New York Times revelou que o político mentiu sobre diversos aspectos de sua vida para atrair eleitores — do currículo acadêmico e profissional às fontes de renda e origens familiares. Santos disse ter diplomas da Universidade de Nova York e do Baruch College, apesar de nenhuma das instituições ter registro de sua frequência, e alegou ter trabalhado no Goldman Sachs e no Citigroup, o que também não foi comprovado.

As declarações falsas passam ainda pela origem familiar. Disse que era judeu e que seus avós escaparam dos nazistas durante a Segunda Guerra — depois, justificou que sempre disse ser “jew-ish”, trocadilho não utilizado nos EUA que significaria “mais ou menos judeu”. Ele tampouco revelou um casamento com uma mulher por vários anos, encerrado em 2019, que gerou suspeita de violação da lei migratória.

Após as revelações do Times, uma série de reportagens mostrou que santos havia mentido em outros aspectos de sua vida.

Em abril, Santos afirmou que tentaria a reeleição no ano que vem –no sistema político americano, deputados têm mandato de apenas dois anos.

Autor(es): THIAGO AMÂNCIO / FOLHAPRESS

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