SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Como parte de esforços para aproximar a China da Europa na Guerra Fria 2.0, o premiê chinês, Li Qiang, voltou a pedir nesta sexta-feira (23) que o gigante asiático e países do velho continente “superem diferenças” para encontrar “soluções criativas” contra a pobreza global e a crise climática.
Li participa da Cúpula do Novo Pacto Financeiro, em Paris. Diante de líderes europeus, ele reiterou que a China está disposta a trabalhar com “todas as partes”. Na véspera, em reunião com o presidente da França, Emmanuel Macron, o premiê chinês enfatizou que ambos os países, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, compartilham perspectivas estratégicas comuns.
“Li lembrou que, durante a bem-sucedida visita do presidente francês à China, há pouco tempo, Macron e Xi tiveram intercâmbios profundos e chegaram a uma série de consensos estratégicos, que traçaram um plano para o desenvolvimento das relações China-França”, disse a agência estatal chinesa Xinhua.
Trata-se do primeiro giro internacional de Li, que assumiu o cargo de premiê em março. Antes de Paris, ele esteve em Berlim para encontros com o homólogo alemão, Olaf Scholz, e com o presidente da nação europeia, Frank-Walter Steinmeier, nos quais também manifestou o interesse em “expandir as relações”.
O aceno da China à Europa ocorre em um momento em que Pequim e Washington buscam aliviar tensões que escalaram em fevereiro, quando as forças americanas abateram um suposto balão de espionagem chinês no espaço aéreo dos EUA.
As superpotências ensaiaram uma reaproximação com a visita, no início da semana, do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao líder chinês, Xi Jinping, em Pequim. Horas após o encontro, porém, o presidente americano, Joe Biden, referiu-se ao mandatário da China como um ditador, o que gerou novos atritos. Segundo Pequim, a declaração foi “ridícula” e uma “provocação política”.
Em Paris, o premiê Li defendeu que França e China intensifiquem as cooperações em setores variados, incluindo de energia nuclear, espaço e aviação. Os dois países, acrescentou, ainda devem aprofundar os esforços conjuntos nas áreas de proteção ambiental, economia digital e inteligência artificial, de modo a “obter benefícios mútuos e resultados vantajosos para todos”.
Li disse que seu país, acusado de ser um dos principais poluidores do planeta, acelerou os esforços para favorecer “um modo de produção e de vida de baixo carbono”, e que novas iniciativas devem ser elaboradas em conjunto com os países europeus.
Em abril, Macron viajou a Pequim para estreitar os laços econômicos e culturais com os chineses –na comitiva estavam executivos de companhias como Airbus e Alstom, além de cineastas e artistas. A visita dividiu opiniões, e o presidente francês foi acusado de buscar no exterior a popularidade que perdeu em casa com a impopular reforma da Previdência, lei assinada por ele que aumenta a idade da aposentadoria e que motivou protestos massivos e uma união histórica dos sindicatos.
A visita de Macron a Xi ainda causou mal-estar em Washington, que busca apoio dos europeus na guerra comercial contra Pequim. A China é alvo críticas do Ocidente ante as ameaças feitas pelo regime de Xi contra a ilha de Taiwan e as acusações de perseguição contra os uigures –minoria muçulmana concentrada na região de Xinjiang–, além da ausência de uma condenação chinesa à Guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
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