BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (15) que o problema do agronegócio com a sua gestão é “ideológico” e não ligado a questões econômicas.
A fala ocorre no momento em que a chamada bancada ruralista, que conta hoje com a adesão de cerca de 300 dos 513 deputados, tem imposto uma série de derrotas e entraves ao governo no Congresso Nacional.
“Tenho noção do que nós fizemos [para o agronegócio]. O problema deles conosco é ideológico, não é problema de dinheiro a mais no Plano Safra. Não quero saber se produtor rural gosta de mim ou não”, afirmou o presidente.
Lula concedeu entrevista para rádios de Goiás na manhã desta quinta-feira (15). O mandatário viaja no dia seguinte ao estado, onde inaugura um anel viário em Jataí (GO) e um trecho da ferrovia Norte-Sul, em Rio Verde (GO).
O presidente foi questionado sobre a sua relação com o agronegócio, setor que esteve muito associado a seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
“Não estou preocupado com o fulano e ciclano pensa de mim. Estou preocupado que se as pessoas forem honestas comigo tem que dizer em alto e bom som: nunca antes na história desse país a agricultura foi tão bem tratada como no governo Lula”, afirmou.
Lula foi eleito com estreita margem de votos e, ao mesmo tempo, viu o Congresso ser formado por uma maioria conservadora. Os partidos de esquerda reúnem apenas cerca de um quarto do total de cadeiras na Câmara.
Por isso, desde a transição, Lula tenta atrair uma coalizão que lhe dê uma sustentação legislativa sólida, mas tem enfrentado diversos problemas e derrotas na Câmara, mesmo tendo distribuído nove ministérios a MDB, PSD e União Brasil.
Há uma grande insatisfação com a articulação política, inclusive em partidos da esquerda. Uma das principais reclamações é justamente relacionada à divisão de cargos federais entre esses partidos de centro e de direita.
Lula reunirá seu ministério nesta quinta-feira (15) e há a expectativa de que ele cobre mais empenho de sua equipe na relação com o Congresso, além de explicitar a necessidade de atrair para sua base partidos que hoje estão independentes, como o PP de Arthur Lira, presidente da Câmara.
Além dos cargos, congressistas reclamam da falta de atenção que ministros do governo dispensam aos seus pleitos, além da demora na liberação de emendas ao Orçamento da União, atualmente o principal instrumento de relação entre o Executivo e o Legislativo.
Autor(es): RENATO MACHADO / FOLHAPRESS