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Dez anos depois de 2013, movimentos cobram participação junto ao governo nos debates
Nesta quinta-feira, 29, cerca de 200 pessoas se reuniram em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo, para participarem do primeiro ato de 2023 contra a tarifa dos trens, ônibus e metrôs. O movimento também reivindica a implementação da tarifa zero no estado. A manifestação foi puxada por 25 organizações que vão desde movimentos populares a sindicatos e o PSTU. A concentração, marcada para às 17h, contou um forte esquema de segurança da Polícia Militar e da Tropa de Choque. A reportagem não presenciou confronto ou a prisão de pessoas.
A demanda da Tarifa Zero em São Paulo ganhou uma nova promessa neste ano: no começo de março, a prefeitura criou uma subcomissão, vinculada à Comissão de Finanças e Orçamento, na Câmara Municipal, para estudar a possibilidade de implementação da tarifa zero no sistema de transporte coletivo de ônibus da cidade. O prazo de 120 dias para realização dos estudos sobre o tema se encerra no final de setembro.
No dia 14 deste mês, a subcomissão apresentou um Projeto de Lei que autoriza o Executivo a implementar o programa de “Vale Transporte Social”, para garantir a população de baixa renda, cadastrada no Cadastro Único até 44 viagens mensais gratuitas. A proposta está em fase de coleta de assinaturas dos vereadores e pode passar por alterações.
Apesar das iniciativas, os militantes criticaram a forma como a prefeitura tem conduzido a pauta da tarifa zero. “Até agora esse debate tá sendo um debate de cúpula, entre os empresários, o Governo Municipal e as instâncias institucionais, isso não desceu em nenhum momento pra qualquer debate junto com a população. Pelo contrário, nós tamo aqui hoje exatamente porque a gente quer que a população seja ouvida”, relata Irene Maestro, advogada e militante do movimento Luta Popular.
A advogada critica a atuação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na implementação da tarifa zero no transporte sob trilhos. “A tarifa zero não tem nenhuma efetividade se ela for só no município. Isso não vai servir pra nada, vai colapsar, superlotar o sistema, porque quem mora na periferia usa principalmente trem e ônibus intermetropolitano pra poder chegar até a centralidade.nosso principal ponto aqui, é que a gente precisa integrar a tarifa zero com os trilhos também. O Governo do Estado sequer se propõe a discutir isso, pelo contrário defende o caminho da privatização “, diz Maestro.
Em entrevista à revista Exame em dezembro de 2022, o governador alegou ver dificuldades na integração entre o sistema de trens, metrô e ônibus “É uma discussão complexa. Não adianta pensar em tarifa zero para ônibus sem pensar para metrô e trem. O custo dos dois sistemas é completamente diferente. O debate precisa ser feito com muita responsabilidade, não é trivial”, disse.
“Para lembrar os 10 anos de junho de 2013”
Reunidos em círculo e com uma catraca no centro envolvida por papéis, pedaços de pano e ataduras, os manifestantes explicaram ao público os motivos do ato num jogral: “Estamos aqui hoje, para lembrar e para lutar. Lembrar dos 10 anos de junho de 2013. Das intensas semanas que fizeram o Brasil e todos os governantes tremerem quando nos levantamos unidos contra o aumento das passagens e contra todas as injustiças. Lembrar que se quisermos, podemos segurar o mundo pelas mãos, perder o medo e acabar com a escrotidão desse sistema podre, mas estamos aqui também para pensar o futuro, para lutar pela tarifa zero nos trens, ônibus e metrôs. Pelo direito à cidade e para fortalecer outras lutas. “. No encerramento da fala coletiva, os militantes incendiaram a catraca dando início ao ato.
Os manifestantes circularam por algumas ruas, avenidas e vias do centro, chamando a atenção da população para a pauta da tarifa zero. Panfletos com informações sobre a proposta foram distribuídos para os trabalhadores durante o trajeto. Após cerca de uma hora de caminhada, o ato foi encerrado na Praça Roosevelt.
Fonte: Via apublica.org