De Rosalía aos Titãs, como os telões em shows têm causado arrepios na plateia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os Titãs estão causando arrepios e cantorias emocionadas pelos shows que têm feito nas últimas semanas. A turnê “Titãs Encontro”, afinal, reúne todos os membros da formação original do grupo de rock dos anos 1980 pela primeira vez em 30 anos. Mas outro fator também tem sido decisivo para o sucesso das apresentações. São os três telões imensos que tomam o palco.

De acordo com Otavio Juliano, diretor artístico do show, a ideia é aproximar do público os músicos –Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Sérgio Britto e Tony Bellotto. Na prática, cada um tem uma câmera só para si, o que facilita a interação com a plateia.

As imagens, que eram transmitidas no telão, também foram ao ar no Globoplay no último domingo. O show, exibido ao vivo, passará a integrar o catálogo da plataforma daqui a aproximadamente um mês.

O show inaugura no Brasil o uso do painel de led transparente, usado no telão central, com 19 metros de altura por 20 metros de comprimento. O dispositivo tanto exibe as imagens como pode ficar invisível e ser atravessado pelas luzes. O palco, cujo design é de Lee de Castro, tem um total de 800 metros quadrados de led.

“É uma banda em que cada um tem uma personalidade muito forte”, diz o diretor. “É incrível ver como depois de todo esse tempo eles ainda estão entrosados no palco. São artistas destemidos, e a rede de proteção deles é o público. É por isso que eles dão o ‘salto mortal’.

Os vídeos mostrados nos telões, cuja direção artística é assinada por Luciana Ferraz, também criam momentos únicos. Quando os Titãs tocam “Comida”, por exemplo, surge nas telas, em preto e branco, a bailarina Carolina Martinelli, do Theatro Municipal de São Paulo, com uma venda nos olhos enquanto faz um número de dança.

Uma animação que remete a “A Metamorfose”, livro de Franz Kafka, feita pelo quadrinista Alexandre Telles é transmitida quando a banda toca “Bichos Escrotos”, um dos clássicos do disco “Cabeça Dinossauro”, de 1986.

O telão central exibe uma multidão caminhando em direção à luz e um homem se transformando em uma barata. Simultaneamente, os telões laterais exibem Miklos cantando e olhando para a lente da câmera.

Os telões laterais, aliás, foram desenvolvidos no formato retangular e vertical para serem “instagramáveis”, uma tática já vista em shows como os do Coldplay e de Rosalía, nos últimos meses.

Rosalía, que fez o grande show do Lollapalooza deste ano, entregou uma performance cinematográfica com seu trabalho engenhoso de telões e imagens capturadas tanto por cinegrafistas quanto por celulares empunhados pelos próprios dançarinos.

Foi como se o telão transformasse o show também em um clipe, o que também muda a experiência de quem assiste à apresentação de casa, numa tendência que também deve dominar o festival The Town, que promete caprichar no uso de telões de led –só o palco Skyline terá 30 deles.

Autor(es): CAIO DELCOLLI / FOLHAPRESS

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