RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma parcela maior dos brasileiros está vivendo sozinha, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De um total de 74,1 milhões de domicílios no país, 15,9% (ou 11,8 milhões) tinham apenas um morador em 2022.
É a maior proporção das chamadas unidades domésticas unipessoais em uma série histórica com dados desde 2012. Naquele ano, os lares com apenas uma pessoa representavam 12,2% do total.
Em 2021, o percentual ficou em 14,9%. Os cálculos consideram pessoas de 15 anos ou mais.
Os dados integram uma versão da Pnad Contínua sobre as características dos domicílios e dos moradores.
No ano passado, 45,9% das unidades unipessoais eram ocupadas por pessoas de 30 a 59 anos e 41,8% eram preenchidas por idosos (60 anos ou mais). A fatia restante, de 12,3%, era relativa a jovens de 15 a 29 anos.
Entre as unidades da federação, os destaques são o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul. Nesses estados, o percentual de domicílios com apenas um morador representava 19,6% e 19,5% do total de lares, respectivamente.
Conforme Gustavo Geaquinto Fontes, pesquisador do IBGE, esse cenário pode ser explicado pela população mais envelhecida no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
“No país, 41,8% dos domicílios unipessoais são de idosos. Ou seja, há uma participação maior do que na população como um todo”, disse.
“Como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são estados com maior proporção de idosos, isso provavelmente tem um peso aqui”, completou.
O arranjo denominado nuclear ainda é o mais frequente no Brasil, mas vem diminuindo ao longo da série histórica. Em 2022, respondeu por 66,3% dos domicílios, o menor nível já registrado na pesquisa.
O arranjo nuclear é formado por um casal com ou sem filhos ou enteados. Também se encaixam a essa definição as unidades domésticas compostas por mãe com filhos ou pai com filhos (monoparentais). Em 2012, o arranjo nuclear correspondia a 68,3% dos lares.
Em seguida, aparecem as unidades domésticas descritas pelo IBGE como estendidas. Em 2022, responderam por 16,5% dos domicílios -o percentual era de 17,9% em 2012.
As unidades estendidas são constituídas por pessoas responsáveis, com pelo menos um parente, formando uma família que não se enquadra a um dos tipos descritos como nucleares.
Há, ainda, a forma denominada como composta. Em 2022, essa definição respondeu por 1,4% dos domicílios no país -o percentual era de 1,6% em 2012.
As unidades domésticas compostas são aquelas constituídas pela pessoa responsável, com ou sem familiar, e com pelo menos uma pessoa sem parentesco.
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À ESPERA DO CENSO
Os dados divulgados nesta sexta têm como base as estimativas populacionais do IBGE. Essas projeções foram feitas a partir da última edição concluída do Censo Demográfico, referente a 2010. A atualização mais recente dos dados usados nessa versão da Pnad ocorreu em 2018, segundo o instituto.
O Censo de 2022, que foi marcado por atrasos, deve ser divulgado pelo IBGE no dia 28 de junho. A nova contagem populacional, disse o instituto, será fundamental para as próximas atualizações.
Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, reconheceu a “defasagem” em relação ao Censo de 2010, mas destacou que, até o momento, essas são as informações mais recentes à disposição.
Desafios parecidos também impactam institutos de estatísticas em outros países, segundo a pesquisadora. “A gente tem de soltar dado todo mês, todo ano.”
MAIOR PERCENTUAL DE PRETOS E IDOSOS
A pesquisa divulgada nesta sexta ainda traz recortes de cor ou raça e idade da população. Segundo o IBGE, a proporção de pessoas que se declararam pretas no Brasil subiu de 7,4% em 2012 para 10,6% em 2022.
No sentido contrário, o percentual de brancos caiu de 46,3% para 42,8% no mesmo intervalo. Já o de pardos passou de 45,6% para 45,3%.
Na análise por idade, o IBGE apontou uma tendência de envelhecimento dos brasileiros.
A participação das pessoas com menos de 30 anos na população do país recuou de 49,9% em 2012 para 43,3% em 2022. Já o percentual de idosos (60 anos ou mais) subiu de 11,3% para 15,1% no mesmo período.
Autor(es): LEONARDO VIECELI / FOLHAPRESS