Segunda-feira, 18 de Novembro de 2019
Bíblia usada por golpistas. Quando é que o problema será levado a sério?
 | Golpe na Bolívia com Bíblia na mão: reprodução da TV |
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Quando é que a sociedade brasileira vai perceber que hoje, o crescimento das igrejas neo pentecostais têm atuado para frear os direitos individuais e os movimentos que defendem o avanço social? O site Brasil de Fato traz uma importante questionamento sobre o que ocorreu na Bolívia, onde um presidente eleito foi destituído, e traça um paralelo com o que ocorreu ao Brasil. Aqui, boa parcela da população se recorda, o golpe contra Dilma foi banhado em falas daqueles que se diziam representantes de uma fé que não respeitava princípios democráticos. Leia a reportagem do site Brasil de Fato.
O golpe civil-militar na Bolívia reacendeu o debate sobre política e fundamentalismo religioso na América Latina. "A bíblia volta ao Palácio", declarou a senadora boliviana Jeanine Áñez, empunhando o livro. A parlamentar opositora que se autoproclamou presidente atropelou o rito constitucional do país ao assumir o cargo.
O uso político da fé para legitimar governos de extrema direita e suas práticas violentas também tem sido motivo de preocupação no Brasil, sobretudo após a eleição de Jair Bolsonaro. Dentre as diversas imagens do golpe na Bolívia que tem chocado o mundo, chamou atenção a de Fernando Camacho, líder da oposição, depositando uma bíblia em cima da bandeira boliviana.
Organizações cristãs têm se manifestado contra o uso da religião e o nome de Deus em golpes e governos radicais. Para Rafael Soares de Oliveira, membro da coordenação do Fórum Ecumênico ACT Brasil, o movimento fundamentalista é constituído por um núcleo de pessoas que tenta impor ideias a partir de crenças para defender um projeto de poder.
"No caso Boliviano, o que se alimentou a médio prazo foi o processo fundamentalista de negação do que estava sendo feito por Evo Morales como a inclusão indígena e o reconhecimento de que toda expressão de fé é legítima. Fé e política não deveriam se misturar, mas tem sido uma tônica na história recente da América Latina. Um problema grave que assola diversos países do mundo com o crescimento do fundamentalismo pautado pelos cristãos", disse em entrevista ao Programa Brasil de Fato RJ.
Brasil
O avanço do fundamentalismo religioso também é pautado pelo medo. Segundo o religioso, que também é diretor de Koinonia, o argumento de que existe uma "ameaça à família tradicional", mensagem que foi amplamente difundida no Brasil durante as eleições, é "uma mentira" e serve como ferramenta de convencimento contra grupos sociais.
"Existe uma bancada cristã no Brasil que se move quando se trata de valores anti feministas e anti LBGT. É possível chegar a uma afirmação diferente de fé na nossa sociedade. Podemos estar juntos num projeto de resistência, nós pessoas de fé devemos defender a democracia. Na afirmação de uma paz que se paute pela justiça", completa.
De Clívia Mesquita
Brasil de Fato
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