Segunda-feira, 12 de Agosto de 2019
Dallagnol é alvo de novos vazamentos e aparece convocando grupos de direita
 | Imagem do Facebook: Deltan recorreu a movimentos de extrema direita |
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O procurador e coordenador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, é novamente o centro dos vazamentos do conjunto de mensagens tornadas públicas pelo site The Intercept Brasil. Nesta 15ª reportagem, o site revela que o procurador, homem de confiança do então juiz Sérgio Moro, articulava com colegas do MP para que os grupos de extrema direita que apoiaram o golpe contra Dilma e fizeram barulho no Brasil a partir de 2013 pressionassem ministros do STF a votar ou decidir de acordo com os interesses dos procuradores. Em pelo menos um dos casos, envolvendo o ministro Alexandre Moraes, a iniciativa deu resultado.
Na reportagem assinada pelos jornalistas Rafael Neves e Rafael Moro Martins, do Intercept, Deltan usou o Instituto Mude - Chega de Corrupção e Vem Pra Rua- como laranjas para pressionar o Supremo. Também foi procurado o movimento Observatório Social, com sede em Curitiba.
Mensagens trocadas no Telegram, tornadas públicas, revelam que Deltan pautava atos públicos, publicações em redes sociais e manifestações dos movimentos de forma oculta, tomando cuidados para não ser vinculado publicamente a eles. Na troca de mensagens onde usava outros procuradores como intermediários, ele pedia para não aparecer como diretamente interessado nos movimentos e articulações. Entretanto, revela a reportagem, um dos encontros teria ocorrido na igreja a qual Deltan Dallagnol é vinculado e é também um orador.
O Intercept mostra que Deltan militou pela escolha do novo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal apenas um dia após a morte do ministro Teori Zavascki. O coordenador força-tarefa atuou pela rejeição dos nomes de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e do atual presidente da Corte, Dias Toffoli, para a relatoria das ações da operação.
Nem o ministro Alexandre de Moraes escapou das estripulias de Deltan Dallagnol, segundo os diálogos da #VazaJato. Temia-se que o sucessor Zavascki no STF fosse contra o cumprimento antecipado da pena. Então, o procurador usava os "movimentos sociais" laranjas para escrachar, pressionar e influenciar ministros nas decisões do Supremo, orientando e executando atos conjuntamente com milícias digitais.
A movimentação de Deltan foi para pressionar o Supremo e manter a prisão em segunda instância, qual seja, prender o ex-presidente Lula após a confirmação da sentença no caso tríplex do Guarujá (SP). "Tenho que ficar na sombra e aderir lá pelo segundo dia", afirmou numa das conversas o procurador da Lava Jato.
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