Quarta-feira, 09 de Agosto de 2017
UERJ: um assunto tratado como causa menor pela mídia Fluminense
 | Um tema que apenas visita as capas dos jornais |
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Por Fábio Lau
Há dias a direção da Uerj bateu o martelo: não haverá ano letivo em 2017. O motivo é sabido por todos: não há salário para pagar professores, diretores, funcionários da área administrativa e terceirizados das empresas de limpeza e segurança. Deste modo, e já no mês de agosto, retomar o ano letivo seria um engodo com o qual os funcionários responsáveis não quiseram compactuar e protagonizar.
O governo Pezão, herdeiro de Cabral, é o cenário da maior tragédia educacional ocorrida no Rio de Janeiro. Nunca, em tempo algum, se teve notícias de algo tão vexatório ocorrido na Educação do Rio.
E vale lembrar que até há quatro décadas, o Rio, ainda herdeiro do período em que foi capital, teve um dos melhores ensinos públicos do país.
Mas isso é passado!
Mas engana-se quem pensa que a crise na Educação do Estado começou este ano com a falta de pagamentos. Ela é antiga e vem deteriorando o sistema há anos. Nosso colaborador em Conexão Jornalismo, Omar Costa, não se cansa de revelar o descaso na Educação do Estado.
Na gestão de Sérgio Cabral (ex-governador preso por corrupção) colocaram um administrador para cuidar do setor. O homem tratava professores e alunos como mercadoria. Foi o início de uma doença que ameaça matar a todos - eliminando até a perspectiva de futuros e novos ares.
O fim de um ano letivo decidido unilateralmente pela Uerj é mais grave do que parece. São centenas, milhares de estudantes que terão que abdicar do sonho de estudar porque não poderão ficar um ano parados - sem estudo e trabalho. Vão se ocupar em atividades laborais precárias - tendo em vista a onda do desemprego -e, com sorte, um dia retomarão o estudo. Boa parcela, porém, estará encerrando aqui o sonho de se tornar bacharel em qualquer área.
Mas, em meio a tanta mazela, outra chama a atenção: o pouco caso com que a mídia tradicional trata a tragédia do ensino no Estado. O tema, surpreendentemente, não é capa de jornal ou de noticiário da TV. Nada. O assunto é quase um visitante ocasional. Reforçam, assim, os empresários da comunicação corporativa, a imagem de que, no país atual, Educação não é minimamente fundamental.
E vale lembrar: o único momento em que a Educação foi levada a sério no Rio de Janeiro já faz mais de 30 anos. Havia Brizola como governador e Darcy Ribeiro na gestão de Cieps e do ensino em tempo integral. E ambos foram fartamente criticados e combatidos pela mesma mídia que hoje faz silêncio. Não é preciso desenhar.
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