Quarta-feira, 06 de Novembro de 2019

Bons bares? Como identificá-los - palavra de especialista

Caldo de mocotó: a iguaria será nobre desde que o cozinheiro seja do ramo

Por Fábio Lau*

Não sei se a fama é boa, mas ontem uma velha amiga, de Brasília, me procurou. Chega ao Rio em dezembro e me perguntou sobre bons bares na cidade para levar o marido. Dei uma lista. O cara, a quem ainda não conheço, é fã de botecos embora não seja bebedor - parou por conta de problemas de saúde. Papo vai, papo vem, ela me "entrevista":

- O que é necessário para ser considerado um bom bar?
- Banheiro limpo.
Ela riu:
- Mas isso não tem a ver com o bar!
- Tem sim. O cara monta um estabelecimento que vai consumir tempo, saúde e dinheiro. Ir ao banheiro não pode ser um desafio, risco de vida ou pedágio.
- Entendi. E além do banheiro?
- Cozinha limpa.
- Pô, você tá ficando "psíquico" com limpeza...
- Se a cozinha for limpa você vai menos ao banheiro....kkk. E, além disso, o cara precisa respeitar o cliente. O petisco de boteco precisa ser honesto. O Jiló é algo simples, mas pode ser uma excelente iguaria se estiver fresco e bem temperado. Os caldos de feijão e mocotó, também. A carne assada precisa estar suculenta. É por aí... Não é necessário requinte, mas respeito.
- E qual a diferença entre os bares então?
- Alma. O bar que tem alma, alegria, é o bar onde você se sente à vontade para levar amigos. O bar honesto, onde o sujeito te respeita, te serve com alegria, é onde você cria vínculos.
- Qual o pior bar??
- O bar perde o sentido quando vejo mais de um bebedor no balcão bebericando sozinho, triste. Pessoas que não falam, que estão amargas e melancólicas são atraídas a bares deprimentes e deprimidos. Um bar onde casais bebem sua cerveja e mal se olham...no máximo para discutir o cardápio. O bar fica triste. A alma do bar pertence a quem vai. Não gosto de bares associados a times de futebol. Não gosto da TV ligada em jogo. O espírito das pessoas se dispersa. E aí tudo pode acontecer. A estrela do bar, além dos petiscos, claro, é a companhia.

Ela gostou e disse que vai levar o marido nos oito bares que sugeri. Não dou a lista para não parecer propaganda. Mas vetei um que ela me perguntou. Virou uma merda depois que adotou franquia. E não sabe fazer feijoada.

* Fábio Lau é especialista no tema e tem mais de.... não lembro.... no currículo.

 

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